Sabe aquela sensação que dá de saltar quando encaramos um abismo bem de perto? Eu nunca senti isso.
A sensação de deixar-se guiar por um instinto,uma emoção, um rompante... Algo tão forte que faça com que encaremos o abismo sem pensar nas consequências da altura? Eu nunca fiz isso,ou nunca HAVIA feito isso. Deixei de "tomar" vergonha para "tomar" coragem. Eu continuo tendo medo de altura, mas aprendi a enfrentar os meus abismos...
Não sei ao certo se foram minhas caminhadas na areia, os conselhos de minha mãe, ou a consulta com uma astróloga (sim, eu frequento astrólogas) que provocaram uma grande mudança em mim. Prova disto, é que dia desses conheci um belo "gajo", que no início eu não havia notado, mas passei a prestar mais atenção depois que o tal me lançou uma dúzia de olhares e alguns simpáticos sorrisos, e depois quando percebi que ele era o único na sala atento ao filme de Wood Allen (Meia-noite em Paris), e ao final de um diálogo profundo exclamou: "Que lindo isso..."
O único (e relevante) detalhe é que o dito cujo veio acompanhado de Helena, a cunhada adolescente de minha irmã que havia acabado de connhecê-lo... Pois é...
Naquelas circunstâncias, nem eu nem Armando (o tal gajo) verbalizamos nada, entretanto percebendo o interesses de Armando (que já havia pedido meu telefone), e o desinteresse de Helena (que mandava mensagens para outro rapaz), fiz o que nunca havia feito antes: enviei uma mensagem a ele com os seguintes escritos:> "Armando: desejo toda sorte para você e Helena, entretanto, se algo mudar, e você assim como eu, achar que temos muito em comum, me ligue".
Isso mesmo! Não apenas encarei o abismo como saltei ao seu encontro! Que emocionante! Uau... Mas em tempos de tecnologia e falta de caráter um salto sem pára-quedas desse só poderia dar... Merda! A minha "astúcia" só não contava com o exibicionismo do Armando fazê-lo mostrar a minha mensagem para TODA A FAMÍLIA de Helena, como se eu o estivessse perseguindo! Na hora em que a bomba explodiu, eu queria mandar o Woody Allen e seus diálogos profundos tomar no cú, bem no meio de Paris!
Mas já que o Woody Allen não me atendeu, e quem havia tomado no cú era eu mesma, resolvi escrever um email para o Armando (de sobrenome: confusão...)analisando as razões que levam alguém a expor outra pessoa de forma tão gratuita... Afinal, situações deste "calibre" são muito comuns, e a análise é a única maneira que dispomos para entender a necessidade de alguém em denegrir o outro para se auto-valorizar, não é?
Mas não as minhas custas bebê... hahahah
p.s.:O email está na íntegra, apenas alterei os nomes dos envolvidos :D
p.p.s.:Emitam suas impressões, conclusões, opiniões... ou qualquer palavra que rime com "ões", ok? (rsrs)
Armando,
Gostaria de esclarecer algumas situações, que espero, sejam mal entendidos. Quanto a nossa conversa no facebook, que foi exposta (parcialmente) a todos gerando julgamentos que só lhe beneficiaram. E farei isso em consideração à familia que estás entrando agora; pois como você deve ter percebido, não sou do tipo de pessoa que se importa muito com que os outros pensam. Farei apenas por consideração.
Ao contrário de você, gosto de deixar as coisas "às claras". Meu recado para você, apenas definia uma situação, que pra mim, não era nem um pouco confortável. Você sentado ao lado da Helena no sofá, e lançando olhares pra mim, ou pedindo meu número para "me pregar uma peçar", ou (inclusive com a presença da Helena) me abrançando... Eu sou a solteira da história, você não.
E como nós dois sabemos, tivemos uma única conversa no facebook, convera esta que VOCÊ iniciou, sem qualquer necessidade. Mas tudo bem, passado este episódio não nos falamos mais, por questões óbvias.
Bom, agora vamos a sua atitude, Armando: quando minha mãe me acordou hoje me questionando sobre o conteúdo da nossa conversa no face (que eu nem lembrava mais) e relatando a "confusão" de ânimos e opiniões que ela causou, fiquei pensando o porquê da sua atitude em mostrar algo tão irrelevante à todos. Analisemos juntos então: Por qual razão, alguém se exporia desta maneira? Você é inteligente, tente acompanhar meu raciocício.
Entendo que no início de um namoro seja natural desejarmos mostrar o "nosso melhor" para o outro, isto faz parte deste jogo de sedução que é o início de toda relação. Maquiamos defeitos e exaltamos as qualidades que o outro deseja que tenhamos. A paixão é apenas a projeção das expectativas do outro em nós mesmos, para que desta maneira, o parceiro tenha a certeza de que somos a pessoa certa para ele, e enfim,nos escolha como companheiro. Isto quem dizia era Freud. Já Darwin exaltava a importância da competitividade na escolha dos parceiros, lei da "oferta e procura", sabe? O macho torna-se mais atraente quando há mais fêmeas interessadas.
Portanto não me admira Armando, você me usar para sua autopromoção. Ao contrário, fico até lisonjeada com a escolha, pois se eu fosse feia, com cabelo ruim, desdentada, burrinha, desinteressante... não daria tanto ibope. Você se comportou como um perfeito macho alfa dando o recado para a fêmea "ei, me escolha logo, há outras querendo ocupar o seu lugar, viu como eu sou interessante??!!".
E aproveite meus conselhos Armando, porque como você deve ter notado, além de bonita sou inteligente, e vou te falar o que um terapeuta cobraria uns três ou quatro meses do teu salário para te falar: eu não sou o seu melhor. Conquiste a Helena apenas por suas qualidades (elas existem, é só procurar), mas pra que ela consiga enxergar qualidades em você, é preciso que você as reconheça também. Seja mais auto-confiante. A vida não é uma partida de futebol americano, em que se joga com as intenções para derrubar o outro e conquistar a vitória... Não sinta-se inseguro em relação a Helena, não jogue com ela, apenas viva...
E já que estamos em análise,vamos mais fundo. No mundo em que você vive Armando, ter um gol branco, uma casa, uma mulher que cozinha, e um bom emprego são suficientes para a felicidade. Já no meu, nascemos para evoluir e somos guiados apenas pelo desejo,por algo maior do que o "status" de um carro quitado.Siga mais seus desejos,importe-se menos com que os "outros" podem pensar de você,com que a "sociedade' espera de você,e se minhas palavras te desagradam agora,isto é parte da minha natureza livre.
Sua atitude em expor uma situação sem importância para se autovalorizar,não denota apenas um defeito de caráter grave ,e sim,alguém com extrema dificuldade nas relações interpessoais e possivelmente sexuais.Você não consegue assumir o que realmente sonha.Sonha em ser ator,mas trabalha de representante.Tem ojeriza a sangue e pensa em fazer odontologia porque se propuseram a pagar para você...isto é a sua covardia,com vestes de comodismo e tradição...
Quando eu disse pra você vender seu gol (e tudo o que ele significa) e se mandar pra Sao Paulo,eu não estava brincando!Vá,viva!Liberte-se dessa raiva,faça teatro,saia de tantas amarras,conceitos,moral...Você tem muita raiva contida dentro de ti(seu maxilar denota isto,e seu gosto por esportes agressivos é sua válvula de escape),possivelmente por algum trauma de infância ou histórico de agressão na família ,em algum momento da sua infância você teve a leitura de que era incapaz de conquistar as pessoas (principalmente as mulheres) pelo que você é,que era preciso você ter um carro e um bom emprego pra isto acontecer.Ou porque você simplesmente vive uma vida que não escolheu viver,que não desejou viver..
Faça teatro,terapia,resolva!
Seguindo todos estes conselhos,você não terá mais que agir de forma tão insegura e fantasiosa como agiu,você terá segurança em si mesmo,e tudo ficará melhor:sua vida amorosa,profissional,e inclusive sexual (pois com tanta insegurança e raiva contida,você possivalmente não se permite ao jogo de hedonismo e altruísmo que é o sexo,e são desses fatores que decorrem a ejaculação precoce).
Mas neste pequeno episódio,quem saiu ganhando fui eu,Armando.Pois pra mim você mostrou quem você realmente é,e para a Helena,quem ela QUER que você seja...
Termino esta minha análise,repetindo o que já disse:eu não sou o seu melhor!Corajem,apenas viva!
Bisões, limões, cinquenta e cinco milhões, escavações e "Houve uma vez dois verões".
ResponderExcluirIntenso o email, a propósito. Destaque para "Na hora em que a bomba explodiu, eu queria mandar o Woody Allen e seus diálogos profundos tomar no cú, bem no meio de Paris!"
:)
Achei bem intenso e se ele tiver realmente pouquíssima autoconfiança vai atingir o efeito que desejas, mas caso contrário, penso EU que foram imposições de conselhos demais. Muito fortes.
ResponderExcluirMaaaaaaaas achei muito bem escrito. É realmente difícil achar pessoas que escrevam tão bem e consigam expressar tão bem o que pensam ;)
thais_lqc
Armando teve que mostrar pra alguém o como ele é babaca e achou que você não faria nada. Boom!
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